quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Advento e experiência de Deus

Este foi o tema sugerido num retiro espiritual. Transcrevo alguns trechos, com o intuito de que possam ajudar-nos a viver com intensidade o verdadeiro sentido do Advento, pois Deus vem para se comunicar, estabelecer amizade e aliança, intimidade e reciprocidade com a humanidade. A espiritualidade do Advento privilegia cinco experiências de Deus. Vejamos:

A experiência da beleza: Encontramos Deus e fazemos altas experiências de sua grandeza, beleza, sabedoria, providência e amor nas obras da Criação. “Os céus narram a glória do Senhor”, diz o Salmista. As coisas visíveis nos levam ao invisível. Temos razões demais para a consciência e o amor ecológicos. Deus vem e está na Criação.

Os encontros: Nossa vida é marcada pela “arte do encontro”. Encontrar-se, relacionar-se, comunicar-se faz bem a nós e aos outros. São marcantes os encontros que Jesus estabeleceu com as pessoas. O que promove a mudança e o crescimento é a relação de amor. Advento é tempo propício para encontros humanos, mas principalmente de encontro com Deus e com nós mesmos. Encontro é empatia, compreensão, perdão, sensibilidade. Nossos encontros são lugares de experiências de Deus. Ele gosta de ser encontrado nas pessoas amigas, nos pobres, presos, pecadores. Tão importantes são os encontros, que os próprios desencontros podem levar ao encontro.

A arte: Deus gosta de ser encontrado através da beleza da arte, da música, da dança, do teatro, das pinturas, imagens e poesias. A arte verdadeira é epifania do mistério e sacramento do Sumo Bem. Na arte se dá a experiência do Advento de Deus, enfim, “a beleza salvará o mundo” (Dostoiévski). Deus é o artífice das belezas criadas e a obra-prima de suas mãos é a pessoa humana. Jesus, no Natal, faz-se um belo Menino e será o bom e belo pastor. Ele é a maior fascinação da humanidade.

A liturgia: As celebrações realizadas com fé e arte, com ética e estética, exercem fascínio e comoção, trazem Deus até nós e nos levam até Ele. Os ritos e os ritmos, atraem, cativam e convidam ao sublime, ao transcendente, as coisas do alto. As cerimônias religiosas são a luz da glória de Deus. As celebrações, especialmente a missa, perdem seu encanto quando são mal preparadas e mal celebradas. A liturgia abre as portas do coração, convida para a comunhão, deslumbra para o sublime e nobre, torna palpável a ação da graça. Todas as celebrações devem facilitar o advento de Deus e uma amorosa e profunda experiência do mistério.

A generosidade: Um gesto de amor vale mais que toda a massa do universo e que todas as pregações. Onde está a solidariedade, ali está Deus. Nosso amor fraterno é manifestação de Deus para a pessoa amada. A linguagem da generosidade é universal. Deus é encontrado na experiência da dádiva, do altruísmo, do voluntariado. Como não ver Deus num gesto de adoção, de doação, de gratuidade. Todo gesto de amor é visibilidade da presença de Deus, é advento da graça.

Caro Leitor, neste tempo de Advento, somos convidados a proclamar a beleza da experiência de Deus nos encontros humanos, como arte do seu amor por nós, que se revela como liturgia de ação de graças, e se manifesta na generosidade de quem sabe amar.

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